20111220
20111219
20111201
A fruta podia ter nascido dos meus sonhos.
A fruta cai no chão podre
e eu percebo que os sonhos que eu tinha eram melhores que aquele chão.
E que a fruta podia ter caído nos meus sonhos,
e tinha garantido que não ia ser cuspida,
nem mal dita,
por alguém a trincar, e quase vomitar.
A fruta podia ter caído nos meus sonhos,
e não acabava espremida até ao fim,
esgotada.
A fruta podia ter caído nos meus sonhos
e não acabava assassina,
a matar a sede.
e eu percebo que os sonhos que eu tinha eram melhores que aquele chão.
E que a fruta podia ter caído nos meus sonhos,
e tinha garantido que não ia ser cuspida,
nem mal dita,
por alguém a trincar, e quase vomitar.
A fruta podia ter caído nos meus sonhos,
e não acabava espremida até ao fim,
esgotada.
A fruta podia ter caído nos meus sonhos
e não acabava assassina,
a matar a sede.
l.3
A minha náusea contínua,
o meu enjoo de mim,
aqui deitada,
o meu enjoo de mim,
a tentar segurar a água nas mãos.
O meu enjoo que já sou eu, sem mim.
o meu enjoo de mim,
aqui deitada,
o meu enjoo de mim,
a tentar segurar a água nas mãos.
O meu enjoo que já sou eu, sem mim.
Encenei-te um adeus, sem mão.
Nunca me despi daquilo que tenho para dizer,
deu-se o não dito por dito.
Eu nem te ouvi o adeus,
e tu já ias a descer a rua,
depois de me roubares a mão.
deu-se o não dito por dito.
Eu nem te ouvi o adeus,
e tu já ias a descer a rua,
depois de me roubares a mão.
20111125
20111120
Quando as recordações já não cabem na parede, nem as palavras na boca. Quando o sangue já não chega às mãos, e o único grito que se ouve é o do tempo que urge, não tão rápido quanto queríamos.Quando é isto tudo,e continua a ser a mesma música que me inspira.
Porque a luz que víamos está coberta por um pano, e o palco que ele esconde, sendo ou não, as nossas vidas, parece melhor que o subúrbio do camarim.
Que esse pano caia.Que a luz trespasse.
Que corra o sangue.
20111107
Fácil
Tens-me aqui,
pronta a ser dissolvida.
Tomei-te o sabor,
tiraste-me a cor.
E assim, vivemos os dois sem amor.
pronta a ser dissolvida.
Tomei-te o sabor,
tiraste-me a cor.
E assim, vivemos os dois sem amor.
20111103
20111026
20111024
20111020
Coço as mãos quentes, onde o sangue ferve, porque é com as mãos que se faz justiça.
Os corações nunca perceberam nada de direitos e afazeres. Esses, só funcionam ao lume.
Quando chove, a lenha não arde e o coração como não aquece, não tem outro remédio, senão ficar frio.
Aí , as mãos que decidam: ou tocam, a lenha arde e o coração aquece. Ou despedem, os olhos choram, molham a lenha e, o coração, por não suar, gela.
Os corações nunca perceberam nada de direitos e afazeres. Esses, só funcionam ao lume.
Quando chove, a lenha não arde e o coração como não aquece, não tem outro remédio, senão ficar frio.
Aí , as mãos que decidam: ou tocam, a lenha arde e o coração aquece. Ou despedem, os olhos choram, molham a lenha e, o coração, por não suar, gela.
20111008
20111005
win(e)
Sem um único movimento, despedes-te dos tempos de derrota
que calejaram os dados com que jogas.
Entregas agora o que arriscaste à ironia do perder ou ganhar.
Regas-te com o vinho que sobeja no copo, "ganhei".
Ficas ébrio de vitória.
que calejaram os dados com que jogas.
Entregas agora o que arriscaste à ironia do perder ou ganhar.
Regas-te com o vinho que sobeja no copo, "ganhei".
Ficas ébrio de vitória.
20111003
Nina.
É o Silêncio de quem é velho,
São calados pelo tempo que já é tanto
Procuram no silêncio que já nem ouvem,
A mínima palavra que bata e que recue,
Como eco.
Histórias que ninguém sabe se serão deles,
Histórias que ninguém sabe sem eles.
Tanto que se perde, que fica suspenso naquele silêncio.
É o Silêncio de quem é velho.
De quem já não se importa se o ouvem,
Silêncio que já não sabe que o é.
São velhos,
Calados pelo silêncio,
Que já bate e não recua.
Tão calados, que parecem nem sentir.
São calados pelo tempo que já é tanto
Procuram no silêncio que já nem ouvem,
A mínima palavra que bata e que recue,
Como eco.
Histórias que ninguém sabe se serão deles,
Histórias que ninguém sabe sem eles.
Tanto que se perde, que fica suspenso naquele silêncio.
É o Silêncio de quem é velho.
De quem já não se importa se o ouvem,
Silêncio que já não sabe que o é.
São velhos,
Calados pelo silêncio,
Que já bate e não recua.
Tão calados, que parecem nem sentir.
20110930
Resignação
Se eu fosse alguém melhor,
se eu fosse alguém,
alguém a quem o amor não deixou mau cheiro,
eu abriria a porta para cantar
os dias que eu inventei
no tempo em que faço de conta que sou.
se eu fosse alguém,
alguém a quem o amor não deixou mau cheiro,
eu abriria a porta para cantar
os dias que eu inventei
no tempo em que faço de conta que sou.
20110929
Impermeabilidade.
O tom de brincadeira com que vives a vida,
sem gravidade ou emergência,
lembra-me o crocante esmagar
das folhas secas que cobrem o chão das misérias do verão.
É para ti que cospem, mas tu,
oh tu és impermeável !
sem gravidade ou emergência,
lembra-me o crocante esmagar
das folhas secas que cobrem o chão das misérias do verão.
É para ti que cospem, mas tu,
oh tu és impermeável !
20110924
20110921
Supremacia.
Hoje a lenha conheceu o fogo e não ardeu,
foi o vinho que provou a boca
e a água fria é que me aqueceu.
foi o vinho que provou a boca
e a água fria é que me aqueceu.
20110920
20110917
20110826
20110823
20110819
Two senses
"Someone says: “Form? Nonsense!
When shit is poured into crystal,
Does the glass become less pure?”
Another objects: “Fool!
If the best wine is poured into a chamber pot
It won’t make people more likely to drink it.”
The dispute can’t be resolved. . . Such a pity!
Indeed, it is possible to pour shit into crystal."
When shit is poured into crystal,
Does the glass become less pure?”
Another objects: “Fool!
If the best wine is poured into a chamber pot
It won’t make people more likely to drink it.”
The dispute can’t be resolved. . . Such a pity!
Indeed, it is possible to pour shit into crystal."
20110817
20110812
Encontro
Vou-te encontrando clandestinamente,
como dois forasteiros,
quase tão escondidos,
como o sol e a lua.
como dois forasteiros,
quase tão escondidos,
como o sol e a lua.
20110806
20110805
Trevos.
Boa Sorte.
Dou-te sorte para fazeres ouro do pó que te enche a casa. Limpa-te desse teu ar de quem não deve dinheiro ao acaso, limpa também o teu nome manchado por teres subornado a coicidência.
E é no teu riso escondido que eu procuro a ponta solta da piada da tua vida.
Finges-te capaz de lavar os dentes ao mundo e tirar-lhe o sorriso amarelo, e no fundo, apenas não abriste a porta ao azar.
Dou-te sorte para fazeres ouro do pó que te enche a casa. Limpa-te desse teu ar de quem não deve dinheiro ao acaso, limpa também o teu nome manchado por teres subornado a coicidência.
E é no teu riso escondido que eu procuro a ponta solta da piada da tua vida.
Finges-te capaz de lavar os dentes ao mundo e tirar-lhe o sorriso amarelo, e no fundo, apenas não abriste a porta ao azar.
Glória.
O peito enche-se, mais de orgulho que de ar.
A sensação é que me elevo ao patamar superior e passo até ao próximo nível.
É lá que me aspiro e inspiro e sinto-me capaz de abraçar o mundo.
Adio a vida para ser vivida depois. Agora saboreio-me a mim.
Glória a vós, agora e sempre.
A sensação é que me elevo ao patamar superior e passo até ao próximo nível.
É lá que me aspiro e inspiro e sinto-me capaz de abraçar o mundo.
Adio a vida para ser vivida depois. Agora saboreio-me a mim.
Glória a vós, agora e sempre.
20110727
Desconforto.
Os pássaros voam desordenados no ar fresco das nove da noite. O que eu espero não tem motivo de ser esperado, mas aceito o tempo que passo sozinha, fazendo do tempo, companhia.
Aceito até o frio que me arrepia e me estica os pêlos dos braços. Aconchego-me, quase como ritual da minha solidão. Acostumei-me ao cansaço de não acompanhar o passo do vento e vou ficando aqui, presa ao chão. Fecho os olhos docemente, e sinto a estalada dura e baça do tempo que vai passando. Não assisto à dor. Estou dormente, no limbo entre o que é bom e mau, e o único som que me chega aos ouvidos é o da despedida.
Aceito até o frio que me arrepia e me estica os pêlos dos braços. Aconchego-me, quase como ritual da minha solidão. Acostumei-me ao cansaço de não acompanhar o passo do vento e vou ficando aqui, presa ao chão. Fecho os olhos docemente, e sinto a estalada dura e baça do tempo que vai passando. Não assisto à dor. Estou dormente, no limbo entre o que é bom e mau, e o único som que me chega aos ouvidos é o da despedida.
20110722
20110721
Às de copas.
Eu hoje uso o chão para me servir e, a rastejar,
chego-te aos pés magros,
que cheiro sem pudor,
à procura da minha ideia que tu pisaste.
Estou suficientemente sã para querer esquecer as palavras que cuspi para o chão que tu agora pisas.
Agora prefiro que as esmagues, que as destruas, que as envies para bem longe, se for para a China, não me importo.
Por pena, palavra batida, não é recolhida.
chego-te aos pés magros,
que cheiro sem pudor,
à procura da minha ideia que tu pisaste.
Estou suficientemente sã para querer esquecer as palavras que cuspi para o chão que tu agora pisas.
Agora prefiro que as esmagues, que as destruas, que as envies para bem longe, se for para a China, não me importo.
Por pena, palavra batida, não é recolhida.
Tal como deve ser .
Por enquanto as palavras são transformadas em veludo,
amaciadas ao toque, e assim aquecem os pés frios.
amaciadas ao toque, e assim aquecem os pés frios.
20110713
No sopro se decidem as famílias.
Começa ligeiro, prazeroso e pouco compromissivo, o sopro dos que se sentam à lareira. Selam promessas de regalo duradouro com beijos pouco tocados. E assim se constroem famílias: no derreter da cêra que insiste em fossilizar o pó da estante. São criados homens e mulheres ubíquos. Homens e mulheres de cama e de mesa de jantar. Homens e mulheres que fazem cócegas aos meninos como recurso último de quem não sabe hístórias para adormecer.
Com um sopro se apagam as velas e é com uma história que se decide a família.
Com um sopro se apagam as velas e é com uma história que se decide a família.
Revolution.
Pensava eu que era aquela mão que me ia ser dada. Cruzar-se-iam os nódulos dos dedos como quem mistura água com álcool. Ficaríamos suspensos na transcendência do momento. Refinariam-se os sentidos, num embófio orgulho de quem não calou o reprimido. Sonhar-se-iam capítulos de vida em seguimento de um abraço profundo; e, num ímpeto oxigenado de quem faz luz ao cérebro, armar-se-iam os braços ao trabalho.
20110712
Não se fala de boca cheia.
No verão enche-se a boca de melão e deixa-se escorrer o sumo pelos cantos da boca.
No verão, os pés suados escorregam nas sandálias e desce-se a rua estreita a medo. No Verão há mais tesão e lambem-se mais os cantos das bocas com sumo de melão.
Esfrega-se a barriga à luz do dia e faz-se da preguiça, situação.
No verão, os pés suados escorregam nas sandálias e desce-se a rua estreita a medo. No Verão há mais tesão e lambem-se mais os cantos das bocas com sumo de melão.
Esfrega-se a barriga à luz do dia e faz-se da preguiça, situação.
Adiante! Como o elefante.
Prefiro água fria e corações quentes.
Voos em queda livre e o amor que a mãe tem aos filhos, que é como resina nas mãos. Mais vale esvair-se em pecados que ficam mal aos olhos, que ficar sentado a ver quem viveu.
O baloiço parece-me demasiado rápido para que eu me pendure nele, porque o meu coração também é de vidro e a gravidade não perdoa.
A terra sempre será dura. A terra sempre será o limite para os que caiem como se voassem.
Dilato as narinas para sugar o ar que lava as plantas, e mesmo assim, não dou flor.
Voos em queda livre e o amor que a mãe tem aos filhos, que é como resina nas mãos. Mais vale esvair-se em pecados que ficam mal aos olhos, que ficar sentado a ver quem viveu.
O baloiço parece-me demasiado rápido para que eu me pendure nele, porque o meu coração também é de vidro e a gravidade não perdoa.
A terra sempre será dura. A terra sempre será o limite para os que caiem como se voassem.
Dilato as narinas para sugar o ar que lava as plantas, e mesmo assim, não dou flor.
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