20140203

must be a devil

Casa velha


No dia em que eu disser tudo o que tenho para dizer, não sejam surdos os ouvidos - as pessoas nunca são surdas. Mesmo que seja em vão, percebam que em mim tudo estremece facilmente, sou como a janela velha, da casa ainda mais velha que abana com o vento. É que tudo em mim se liga e intersecta, todas as palavras que eu apanho, guardo-as e remexo-as vezes sem conta. E essas palavras ligam-se àquelas palavras que estão a apodrecer aqui dentro e atropelam-me a cabeça em círculos viciosos e viciantes a uma velocidade extraordinariamente rápida. Mais rápida ainda. Não há música para as embalar e as conexões fogem delas próprias, escondidas na casa velha à espera que esse dia chegue.