Os pássaros voam desordenados no ar fresco das nove da noite. O que eu espero não tem motivo de ser esperado, mas aceito o tempo que passo sozinha, fazendo do tempo, companhia.
Aceito até o frio que me arrepia e me estica os pêlos dos braços. Aconchego-me, quase como ritual da minha solidão. Acostumei-me ao cansaço de não acompanhar o passo do vento e vou ficando aqui, presa ao chão. Fecho os olhos docemente, e sinto a estalada dura e baça do tempo que vai passando. Não assisto à dor. Estou dormente, no limbo entre o que é bom e mau, e o único som que me chega aos ouvidos é o da despedida.
20110727
20110722
20110721
Às de copas.
Eu hoje uso o chão para me servir e, a rastejar,
chego-te aos pés magros,
que cheiro sem pudor,
à procura da minha ideia que tu pisaste.
Estou suficientemente sã para querer esquecer as palavras que cuspi para o chão que tu agora pisas.
Agora prefiro que as esmagues, que as destruas, que as envies para bem longe, se for para a China, não me importo.
Por pena, palavra batida, não é recolhida.
chego-te aos pés magros,
que cheiro sem pudor,
à procura da minha ideia que tu pisaste.
Estou suficientemente sã para querer esquecer as palavras que cuspi para o chão que tu agora pisas.
Agora prefiro que as esmagues, que as destruas, que as envies para bem longe, se for para a China, não me importo.
Por pena, palavra batida, não é recolhida.
Tal como deve ser .
Por enquanto as palavras são transformadas em veludo,
amaciadas ao toque, e assim aquecem os pés frios.
amaciadas ao toque, e assim aquecem os pés frios.
20110713
No sopro se decidem as famílias.
Começa ligeiro, prazeroso e pouco compromissivo, o sopro dos que se sentam à lareira. Selam promessas de regalo duradouro com beijos pouco tocados. E assim se constroem famílias: no derreter da cêra que insiste em fossilizar o pó da estante. São criados homens e mulheres ubíquos. Homens e mulheres de cama e de mesa de jantar. Homens e mulheres que fazem cócegas aos meninos como recurso último de quem não sabe hístórias para adormecer.
Com um sopro se apagam as velas e é com uma história que se decide a família.
Com um sopro se apagam as velas e é com uma história que se decide a família.
Revolution.
Pensava eu que era aquela mão que me ia ser dada. Cruzar-se-iam os nódulos dos dedos como quem mistura água com álcool. Ficaríamos suspensos na transcendência do momento. Refinariam-se os sentidos, num embófio orgulho de quem não calou o reprimido. Sonhar-se-iam capítulos de vida em seguimento de um abraço profundo; e, num ímpeto oxigenado de quem faz luz ao cérebro, armar-se-iam os braços ao trabalho.
20110712
Não se fala de boca cheia.
No verão enche-se a boca de melão e deixa-se escorrer o sumo pelos cantos da boca.
No verão, os pés suados escorregam nas sandálias e desce-se a rua estreita a medo. No Verão há mais tesão e lambem-se mais os cantos das bocas com sumo de melão.
Esfrega-se a barriga à luz do dia e faz-se da preguiça, situação.
No verão, os pés suados escorregam nas sandálias e desce-se a rua estreita a medo. No Verão há mais tesão e lambem-se mais os cantos das bocas com sumo de melão.
Esfrega-se a barriga à luz do dia e faz-se da preguiça, situação.
Adiante! Como o elefante.
Prefiro água fria e corações quentes.
Voos em queda livre e o amor que a mãe tem aos filhos, que é como resina nas mãos. Mais vale esvair-se em pecados que ficam mal aos olhos, que ficar sentado a ver quem viveu.
O baloiço parece-me demasiado rápido para que eu me pendure nele, porque o meu coração também é de vidro e a gravidade não perdoa.
A terra sempre será dura. A terra sempre será o limite para os que caiem como se voassem.
Dilato as narinas para sugar o ar que lava as plantas, e mesmo assim, não dou flor.
Voos em queda livre e o amor que a mãe tem aos filhos, que é como resina nas mãos. Mais vale esvair-se em pecados que ficam mal aos olhos, que ficar sentado a ver quem viveu.
O baloiço parece-me demasiado rápido para que eu me pendure nele, porque o meu coração também é de vidro e a gravidade não perdoa.
A terra sempre será dura. A terra sempre será o limite para os que caiem como se voassem.
Dilato as narinas para sugar o ar que lava as plantas, e mesmo assim, não dou flor.
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