20111219

"A cidade está deserta
e alguém escreveu o teu nome em toda a parte
nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas
em todo lado, essa palavra repetida ao expoente da loucura
ora amarga ora doce para nos lembrar
que o amor é uma doença quando nele julgamos ver a nossa cura."

20111201

A fruta podia ter nascido dos meus sonhos.

A fruta cai no chão podre
e eu percebo que os sonhos que eu tinha eram melhores que aquele chão.
E que a fruta podia ter caído nos meus sonhos,
e tinha garantido que não ia ser cuspida,
nem mal dita,
por alguém a trincar, e quase vomitar.
A fruta podia ter caído nos meus sonhos,
e não acabava espremida até ao fim,
esgotada.
A fruta podia ter caído nos meus sonhos
e não acabava assassina,
a matar a sede.

l.3

A minha náusea contínua,
o meu enjoo de mim,
aqui deitada,
o meu enjoo de mim,
a tentar segurar a água nas mãos.

O meu enjoo que já sou eu, sem mim.

Encenei-te um adeus, sem mão.

Nunca me despi daquilo que tenho para dizer,
deu-se o não dito por dito.
Eu nem te ouvi o adeus,
e tu já ias a descer a rua,
depois de me roubares a mão.